Própolis: o que as abelhas nos oferecem contra bactérias e vírus

 Vivemos uma época de enorme pressão viral, o que causa preocupação e insegurança na população em geral. No entanto a Natureza oferece-nos várias possibilidades de aumentarmos as nossas defesas contra micróbios diversos, incluindo vírus.

Já falei anteriormente de um condimento com várias propriedades antimicrobianas que quase todos temos em casa, alho. Hoje vou apresentar outro produto, desta vez de origem animal, mais precisamente produzido pelas nossas amigas abelhas: o Própolis. Talvez já tenhas usado algum spray comprado numa ervanária ou loja de produtos naturais para te aliviar sintomas de dores de garganta. Existem vários sprays com composições diversas, mas muitos deles contêm extracto de própolis.



A origem do Própolis

O própolis é uma resina produzida pelas abelhas para calafetar toda a colmeia e impedir que haja infecções no seu interior. É usada há milhares de anos e já os egípcios a utilizavam no processo de mumificação, bem como na medicina. Os gregos e os romanos continuaram o seu uso no tratamento de diversos problemas de saúde [1]. Um dos usos mais relatados era no tratamento de feridas da pele.

O própolis tem uma textura espessa, cero-resinosa, escura e torna-se líquido acima de 60ºC, mais ou menos, dependendo do tipo de própolis. Não é hidrossolúvel, mas dissolve-se em álcool. As abelhas fabricam-no a partir de árvores em climas temperados. As cores do própolis variam de castanho, avermelhado ou verde, o que caracteriza os diferentes tipos. A coloração final depende das plantas que as abelhas utilizam. Qualquer dos tipos apresenta propriedades semelhantes, com algumas variações na potência das suas propriedades.

As cores apresentadas dependem da composição de cada tipo de própolis. Todos os tipos são ricos em flavonoides que constituem um grande grupo de fitoquímicos (substâncias presentes nas plantas) e outros compostos com actividade biológica. A composição e quantidade de cada fitoquímico difere entre os diferentes tipos de própolis [1]. Na sua composição podemos encontrar ácidos fenólicos, diferentes tipos de flavonoides e de terpenos, linhanos, ácidos gordos, aminoácidos, vitaminas e minerais [1]. Esta riqueza em compostos bioactivos confere ao própolis várias propriedades medicinais. Uma das variedades que tem demonstrado maior actividade é o extracto verde que tem origem no Brasil. 


Propriedades antimicrobianas do Própolis

Tradicionalmente, como vimos nos povos antigos, o própolis era usado contra infecções diversas, incluindo na pele, para além de várias outras situações. A investigação moderna tem vindo cada vez mais a comprovar o conhecimento dos nossos ancestrais. Devido à sua riqueza em flavonoides [1] [2] e a outros compostos, com propriedades antioxidantes na maioria dos casos, duas das maiores actividades que o própolis apresenta é a antimicrobiana e a anti-inflamatória [2]. Extractos de própolis demonstraram ter um largo espectro de acção contra bactérias diversas, incluindo a tão temida Staphylococcus aureus [1]. Demonstrou igualmente a sua eficácia contra outras bactérias patogénicas como Pseudomonas aeruginosa, Salmonella typhi e E. coli [2].

Muitas mulheres sofrem frequentemente de infecções vaginais, algumas vezes causadas por  Candida. É possível que conheças os sintomas de enorme desconforto pélvico e corrimento branco. Também aqui entra o nosso amigo própolis. Para além da sua actividade antibacteriana, este produto produzido pelas abelhas tem demonstrado igualmente propriedades antifúngicas [2] que podem ser um excelente auxílio nas tais infecções vaginais, mas também intestinais e mesmo orais.

Mais recentemente, este produto apícola demonstrou ser eficaz também em infecções por vírus, incluindo as estirpes mais recentes como o que provoca COVID-19. Deves já ter ouvido ou lido nos midia que a doença é sistémica, ou seja pode atingir vários orgãos para além dos pulmões. Devido à sua ampla acção na modulação do sistema imunitário e da resposta inflamatória e à capacidade de interferir com a ligação do vírus às células, os extractos de própolis podem ser excelentes adjuvantes no controlo dos sintomas desta infecção [3].



Formas de usar

Devido a não se dissolver em água, o própolis é transformado em extractos alcoólicos ou transformado em pó (cápsulas). Os extractos podem ser usados na forma de tinturas simples vendidas em frascos conta-gotas, em sprays orais ou em formas líquidas juntamente com extractos de plantas (gotas, xaropes, ampolas bebíveis).

Aconselho a ter sempre um produto destes para utilizar aos primeiros sintomas de dores de garganta ou constipações, tão frequentes no Outono e Inverno, ou ainda em casos de gengivites, estomatites, escoriações da pele. Igualmente também nesta fase de enorme risco de COVID-19. Em caso de dúvida aconselha-te com um profissional conhecedor da área de produtos naturais.


Referências bibliográficas:

[1] Historical Aspects of Propolis Research in Modern Times

[2] Biological properties of propolis extracts: Something new from an ancient product

[3] Propolis and its potential against SARS-CoV-2 infection mechanisms and COVID-19 disease



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